segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Caixa...


Guardei em uma caixa todas as coisas que me lembravam você. Guardei tudo aquilo que estava ao meu alcance. Seus CDs do System of a Down, que eu nunca escutei, seu moletom, que você nunca veio buscar e eu usava sempre pra sentir o seu cheiro, todos os papeizinhos em que você escreveu as declarações mais silenciosas, seus desenhos, que eram declarações, também… Guardei como uma forma de agrupar e organizar, todo o meu sentimento por você, podendo assim, o deixar de lado de vez em quando , debaixo da cama juntando poeira, pra pensar menos em você e mais em mim; ou quem sabe pra abrir a noite e sentir tudo de uma vez quando uma saudade imensurável de você bater, pra pensar menos em mim e mais em você; ou até pra ficar mais fácil de jogar fora, quando eu precisar de espaço pra uma caixa nova, de outro alguém.
Mas eu não consegui deixar a caixa debaixo da cama, ela ficou ao lado da minha cama. Nem por isso eu me atrevi a abri-la, são muitas recordações de um tempo que se foi além do mais, não se deve mexer em recordações, não assim, não em recordações assim. Também não quis jogar fora, por mais que eu precisasse de espaço pra uma caixa nova.
Por isso mandei essa caixa pra você. Devolvendo tudo aquilo que um dia te pertenceu. Acreditando cegamente que com ela tudo o que eu sentia por você iria embora. Coloquei a caixa no correio e me prometeram que no dia seguinte ela chegaria até você. Voltei pra casa e fui dormir sem caixa alguma ao lado ou embaixo da minha cama, mas com um vazio enorme no coração.

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